PADRE SIQUEIRA E O AMPARO DE MARIA
Irmã Lucinalva Soares da Silva, cfa
O Evangelista Lucas narra a passagem em que o Anjo Gabriel faz um grande anúncio da parte de Deus, à jovem Maria.Disse–lhe: “Alegra–te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”(Lc 1,28) […]Eis que conceberás e darás à Luz a um filho e porás o nome de Jesus!”(Lc 1, 31). Ao dar o seu Fiat, não só a vida de Maria se transforma, mas a de toda humanidade. Ela se torna amparo do Divino. Como pode uma jovem ser Amparo de um Deus tão grande? Ao aceitar ser a mãe do Salvador, Ela se torna verdadeiro amparo, pois sabia que os desafios a serem enfrentados não eram poucos. Entretanto, não desanima e ampara o imenso projeto de Deus em sua vida.
Padre Siqueira, verdadeiro filho da Igreja, tinha certeza dos cuidados de Nossa Senhora para com a humanidade. Sempre teve plena confiança na proteção e sustentação de Maria Santíssima (como ele mesmo expressava)nas horas cruciais de sua vida. Quando intitulou a obra com o nome de Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo, ele bem sabia o que representava AMPARO. Em meio há um contexto social cheio de muita miséria e abandono, onde “as meninas pobres, sobretudo “órfãs expostas aos perigos da miséria e a mil desgraças…” (Identidade da Educação Siqueirana.); se empenha em fundar uma Escola para acolher as pobres crianças.Verdadeiro patriota que era não mediu esforços para tentar amenizar a miséria da época através da Educação. Este foi seu maior desafio em meios a tantos contratempos encontrados, pois como ele próprio bem expressou: “AS.M,o Imperador Dom Pedro II,não apreciava a educação voltada para meninas pobres”. Mas a convicção do nosso Fundador e a certeza de que estava no caminho certo,era tão grande, que as dificuldades não o abateu.Sabia que a obra tão sonhada e almejada “não era dele, mas sim de Deus.” E assim agiu e realizou o seu sonho.
A devoção do padre Siqueira para com a mãe de Deus (Theotokos) era de imensa confiança e proximidade. Seu nascimento aconteceu no dia 16 de julho em 1837,dia de Nossa Senhora do Carmo; foi batizado no dia 31 de julho de 1837,na matriz da Imaculada Conceição (Jacareí–SP), paróquia de origem, e ordenado no dia de Nossa Senhora da Conceição, 08 de dezembro de 1864, dez anos após o papa conceber a Maria o título de Imaculada Conceição e o torna dogma.
Maria esteve sempre nos fatos marcantes da vida do Fundador.Entre tantos títulos dados a Nossa Senhora, um só justifica o que ela representa. Para ele, Maria é mãe que Ampara, cuida, zela, sustenta e oferece proteção. Padre Siqueira tinha motivos dar a Obra o título de nossa Senhora do Carmo ou Imaculada Conceição. No entanto, opta para tão sonhada obra,o nome de Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo. Só um verdadeiro filho da Igreja poderia confiar todo cuidado da obra à mãe de Deus. Só quem realmente se sentiu acolhido, amado, amparado em meio aos desafios da vida, sabe o que significa o amparo de Maria. Acredito que nas andanças,em prol de angariar recursos para a construção da escola, diante de tantos nãos e dificuldades, clamou muito por Amparo. Não via senão a Mãe de Deus presente em sua vida e nos acontecimentos. Ninguém,jamais, antes, neste País, tinha tanta confiança no Amparo de Maria, como o padre Siqueira. Para ele Amparo não só representava cuidado e proteção, mas a presença amorosa de Deus, através de sua Mãe.
Quando olhamos e refletimos sobre a obra Amparo, percebemos que o olhar do nosso Fundador era de Filho que confia e se entrega aos cuidados da Mãe, sem titubear. Como bom leitor e meditador da Palavra, onde acompanhou os passos de Maria, desde a anunciação até pentecostes, não teve nenhuma dúvida de que o cuidado de Nossa Senhora não lhes faltaria. Assim,como nosso Fundador, queremos nos colocar sob o amparo de Maria, e nos entregarmos aos seus cuidados. Peçamos-lhes que Ela interceda por todos nós, filhas e filhos,no contexto de mundo atual que atravessamos,de dor e sofrimento,causados pela pandemia. Que possamos sentir o amparo de Maria sempre a nos embalar. Amém!