Domingos de Ramos e da Paixão do Senhor

10 de abril de 2022

Neste domingo tem início aquela semana que a Igreja chama de Semana Santa. Neste domingo evocam-se dois mistérios: a Entrada de Jesus em Jerusalém e sua Paixão. Por isso, este dia litúrgico é chamado de Domingo de Ramos e da Paixão. Na abertura da assembleia dominical, comemora-se de modo mais solene, com procissão ou de maneira simples, em cada Missa, a entrada de Jesus em Jerusalém.

No ciclo do Ano litúrgico B a Liturgia proclama no Domingo de Ramos e da Paixão a narração da Paixão de Jesus segundo Marcos. Ela distingue-se pelas testemunhas oculares da Paixão. São cinco vezes três testemunhas (cf. Mc 14,1-15,47). A narração da Paixão como tal é precedida, na forma mais longa, pela unção na casa de Simão, a última Ceia, a agonia no Getsêmani, a prisão de Jesus e a negação de Pedro.

A história da Paixão e Morte de Jesus Cristo não é algo distante ou sem interesse. Toda a humanidade e cada indivíduo estão envolvidos nela, dela participam de alguma maneira e dela são chamados a darem testemunho.

Cada pessoa humana pode representar a mulher que tinge o corpo de Jesus, praticando uma obra boa, merecendo sua ação ser recordada onde se proclame o Evangelho (cf. Mc 14,9). Poderá exercer o papel de Judas que se desespera ou o de Pedro que nega o Mestre, mas se deixa atingir pelo olhar misericordioso de Cristo (cf. 14,72). Pode acontecer que façamos o papel de Pedro, Tiago e João. Em vez de vigiarem, adormecem enquanto o Mestre sofre a agonia da sua hora. Seremos talvez, em certas circunstâncias da vida, as testemunhas falsas, os sumos sacerdotes, os anciãos e os escribas, que não reconhecem nele o Filho de Deus bendito nem o Filho do Homem que verão sentado à direita do Poderoso. Quantas vezes, em vez de ungir o corpo do Senhor, n’Ele cuspimos, cobrimos-lhe o rosto e o esbofeteamos como se não o conhecêssemos.

De repente se manifesta em nós a figura de Pilatos. Ficamos impressionados com a figura de Jesus Cristo, mas, por covardia, acabamos por condená-lo. Seremos ainda o povo, preferindo Barrabás a Cristo. Quantas vezes a humanidade cobre o Filho do Homem de zombarias como os carrascos no interior do pátio do Pretório, não reconhecendo n’Ele o Filho de Deus. Por vezes, talvez contra a vontade, fazemos o papel de Simão Cireneu, ajudando a carregar a cruz de Cristo, pesando nos ombros da humanidade injustiçada e sofrida hoje. Em vez de água, oferecemos-lhe vinho com mirra.

Cada pessoa já terá sentido em si o conflito entre o personagem que faz o Cristo sofrer mais e aquele que se solidariza e procura aliviar os seus sofrimentos. Importa que no Filho do Homem, em cada pessoa humana, reconheçamos como o Centurião: “De fato, este homem era Filho de Deus”. Importa que permaneçamos com o Cristo mesmo no alto da cruz como aquelas mulheres fiéis e corajosas, que prestemos o serviço ao corpo morto de Cristo, como José de Arimatéia, para que, ungido, possa nascer nova vida da terra.

“Viver o Ano Litúrgico”, textos de Frei Alberto Beckhäuser, Editora Vozes.

 

Fonte: https://franciscanos.org.br/vidacrista/especiais/a-semana-santa/#gsc.tab=0

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