Páscoa

17 de abril de 2022

Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

“Este é o dia que o Senhor fez para nós: Alegremo-nos e nele exultemos”! (Sl 117/118)

Celebramos neste domingo, dia 17 de abril de 2022, a grande solenidade da Páscoa do Senhor. Iniciamos com a igreja os 50 dias pascais abrindo com uma solene oitava. Para a nossa alegria, a luz venceu as trevas, a vida venceu a morte e abriu-se o caminho da salvação para nós. O Cordeiro imolado Ressuscitou, o cordeiro pascal é o próprio Cristo. A partir da ressurreição de Jesus, a Páscoa tem um novo significado, que é a passagem da morte para a vida.

O dia do domingo também ganha um novo significado para nós, cristãos, a partir da ressurreição de Jesus. É o primeiro (ou oitavo) dia da semana, dia de ir à celebração Eucarística e pedir bençãos de Deus para a semana inteira. Que a partir da Ressurreição de Jesus, possamos ter a fé impulsionada e acreditar na vida eterna. Revistamo-nos da força do ressuscitado e que possamos, a partir dessa Páscoa, viver uma vida nova.

O tempo da Páscoa iniciado hoje durará por 50 dias, até a celebração da Solenidade de Pentecostes. Nesse período, o Círio Pascal ficará aceso em todas as celebrações e só será apagado ao final da missa de Pentecostes. O Círio Pascal significa a luz de Cristo Ressuscitado. Durante essa semana, estaremos na Oitava da Páscoa, em que podemos desejar feliz e santa Páscoa para quem encontrarmos e cada dia dessa semana, será um Domingo de Páscoa prolongado durante uma semana. É que a festa da Páscoa é tão importante que não pode ser celebrada em um dia só, então estende-se por toda essa semana. Nós celebraremos esse mistério pascal cada liturgia, cada dia de nossa vida.

O ato penitencial da missa deste domingo é substituído pela aspersão da água da benta, ou seja, com a celebração da Páscoa, fomos mergulhados em Cristo para ressurgir para uma vida nova. Na celebração da Vigília Pascal, renovamos as promessas do batismo e fomos aspergidos com a água benta. Também na missa de Páscoa, antes da aclamação do Evangelho, tem a sequência pascal. Essa sequência aparece nas grandes solenidades, como por exemplo, Páscoa, Pentecostes e Natal. Também em algumas solenidades.

A primeira leitura deste domingo é do livro dos Atos dos Apóstolos (At 10, 34a. 37-43). Durante o tempo da Páscoa, as duas leituras antes do Evangelho serão sempre do Novo Testamento e vamos acompanhar o livro dos Atos dos Apóstolos que retrata os atos dos apóstolos a partir da ressurreição de Jesus. É o livro que retrata o início da Igreja primitiva. Na leitura deste domingo, Pedro que é o líder do grupo dos apóstolos, toma a palavra e fala tudo o que aconteceu com Jesus, desde o início de sua vida pública até morte e ressurreição. Pedro

ainda diz que os apóstolos são testemunhas do ressuscitado e todo aquele que n’Ele crer, tem o perdão dos pecados. Sejamos, também nós, testemunhas do ressuscitado nos dias de hoje e proclamemos que todo aquele que n’Ele crer, tem o perdão dos pecados.

O salmo responsorial é o 117 (118) e nos diz em seu refrão: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: Alegremo-nos e nele exultemos”! O domingo é o dia que o Senhor fez para nós. O domingo não é dia de tristeza ou de dor, mas é dia de alegria, pois o Senhor ressuscitou é quer que sejamos felizes. Que o Senhor nos alcance com a sua misericórdia e perdoe os nossos pecados.

A segunda leitura é da carta de São Paulo aos Colossenses (Cl 3, 1-4). Paulo diz que temos que aspirar as coisas celestes e não terrenas. A alegria está nas coisas do Céu e não nas coisas da terra. Tudo que é terreno é passageiro e não dura para sempre, já o que é do céu, dura para sempre. Sejamos merecedores da ressurreição e da vida eterna, de acordo com a nossa conduta aqui na terra.

O Evangelho é o de João (Jo 20, 1-9). O Evangelho diz que no primeiro dia da semana, que é o domingo, Maria Madalena foi bem cedo, ainda de madrugada, ao túmulo de Jesus, e viu que a pedra havia sido retirada. Então, Maria saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o discípulo que Jesus amava dizendo que haviam tirado Senhor do túmulo. Pedro e o discípulo amado foram correndo ao túmulo. O discípulo amado correu mais que Pedro e chegou primeiro ao túmulo e viu tudo como Maria disse. Em seguida, chegou Pedro. Os dois entraram e confirmaram. De fato, eles ainda não haviam compreendido a escritura que dizia que Jesus devia ressuscitar dos mortos. Apesar de verem o túmulo vazio, os discípulos ainda eram incapazes de compreender a ressurreição.

Somente no decorrer do tempo Pascal e quando Jesus aparecer para os discípulos antes de subir para o Pai, é que os discípulos irão compreender de fato a Escritura e crer na ressurreição. De fato, para os discípulos era difícil crer que alguém poderia ressuscitar dos mortos, por conta da cultura judaica. Jesus disse a eles que ressuscitaria, mas os olhos e o coração deles ainda estavam fechados para essa realidade.

Peçamos a graça de crer na ressurreição de Jesus e o Espírito Santo nos dê à luz necessária para crer que Cristo vive eternamente e abriu para nós as portas da ressurreição e da vida eterna.

Desejo a todos uma Santa e abençoada Páscoa do Senhor Ressuscitado. Paz e graça para todos os homens de boa vontade!

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