Segunda-feira depois de Pentecostes, Memória de Maria Mãe da Igreja

05 de junho de 2022

Na primeira segunda-feira após Pentecostes, a Igreja celebra a memória da Virgem Maria Mãe da Igreja, um título que tem raízes profundas, e que foi inserido no Calendário Litúrgico em 2018, por desejo do Papa Francisco.

Nesta Solenidade, elevemos “nosso pensamento a Maria. Ela estava lá, com os apóstolos, quando veio o Espírito Santo, protagonista com a primeira comunidade da admirável experiência de Pentecostes, e rezemos a ela para que obtenha para a Igreja o ardente espírito missionário”.

Nestas palavras proferidas no domingo no Regina Coeli, quando reencontrou os fiéis na Praça de São Pedro, o Papa Francisco enfatizou a estreita ligação entre o Espírito e Maria, entre a Solenidade do Pentecostes, portanto, e a memória de hoje da Bem-aventurada Virgem Maria Mãe da Igreja.

O Espírito Santo é a alma da Igreja e Maria sua esposa. A Igreja é o corpo místico de Cristo, Maria é a Mãe de Jesus que ele mesmo confia no alto da Cruz, a João, confiando ao mesmo tempo o apóstolo a Maria.

Decreto sobre a Memória de Maria, Mãe da Igreja

No Decreto “Ecclesia Mater” da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, fica estabelecido que a recorrência seja celebrada na segunda-feira após Pentecostes, com o objetivo de “favorecer o crescimento do senso materno da Igreja nos pastores, religiosos e fiéis, bem como da genuína piedade mariana”.

“Esta celebração nos ajudará a recordar que, para crescer, a vida cristã deve estar ancorada ao mistério da Cruz, à oblação de Cristo no banquete Eucarístico, a Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos remidos”, lê-se no documento. De fato, a união de Maria com Cristo culmina na hora da Cruz, quando Maria acolhe a vontade do Filho e aceita, num certo sentido perdendo-o, de se tornar Mãe de toda a humanidade.

A maternidade de Maria e a maternidade da Igreja

“Todas as palavras de Nossa Senhora são palavras de mãe”, desde o momento da “Anunciação até o fim, ela é mãe”. O Papa Francisco o havia dito na Casa Santa Marta, na primeira Missa celebrada em memória da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, em 21 de maio de 2018. E explicava como os Padres da Igreja haviam entendido que a maternidade de Maria era a maternidade da Igreja.

Ao salientar a dimensão feminina da Igreja e também a importância da mulher, afirmou: “Sem a mulher a Igreja não vai em frente, porque ela é mulher, e essa atitude da mulher vem de Maria, porque Jesus assim o desejou”.

Naquela ocasião, Francisco indicou a ternura como aquela atitude materna que deve distinguir a Igreja, acrescentando: “também uma alma, uma pessoa que vive essa pertença à Igreja, sabendo que também é mãe, deve seguir o mesmo caminho: uma pessoa mansa, humilde, terna, sorridente, cheia de amor”.

As raízes profundas do título de Maria Mãe da Igreja

Se o título de Maria Mãe da Igreja tem raízes nos primeiros tempos do cristianismo – e já está presente no pensamento de Santo Agostinho e São Leão Magno, no Credo de Nicéia de 325, e já os Padres do Concílio de Éfeso (430) haviam definido Maria como “verdadeira mãe de Deus” – ele retorna ao Magistério de Bento XIV e Leão XIII.

Mas foi o Papa Paulo VI, no final da terceira sessão do Concílio Vaticano II, em 21 de novembro de 1964, a declarar a Bem-Aventurada Virgem “Mãe da Igreja, isto é, de todo o povo cristão, tanto dos fiéis como dos pastores que a chamam de Mãe amantíssima”.

Mais tarde, em 1980, João Paulo II inseriu nas Ladainhas Lauretanas a veneração a Nossa Senhora como Mãe da Igreja, até chegar o Decreto desejado pelo Papa Francisco que, na memória de um ano atrás, em 10 de junho de 2019, escreveu em um tweet que continua atual: “Maria, mãe da Igreja, ajuda-nos a entregar-nos plenamente a Jesus, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e de cruz, quando nossa fé é chamada a amadurecer”.

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