Gratidão

27 de novembro de 2024

Em seu sentido etimológico, gratidão deriva do latim gratus, que remete ao estar agradecido ou ser grato. Desse modo, podemos compreender a gratidão como extensão do como estou e do ser. Isto é, tem a ver com a algo intrínseco ao ser humano: sua essência. Assim, possui forte ligação com o SER e o ESTAR.

Quem eu sou? Eis a grande pergunta que nos move nas circunstâncias da vida. Tal movimento é mais interno do que externo. O ser é impelido a sempre vir a ser, ou seja, nunca estará pronto, completo. É um dinamismo processual e gradativo. Como eu estou? Isso é fora dos status, das máscaras, das mídias. O como estou condiz com o modo para fora de mim. O modo de estar vai refletir em tudo na vida, seja na vida pessoal e social.

Com tudo isso, podemos questionar, e a GRATIDÃO? Onde ela entra em tudo isso?

Segundo Antístenes “a gratidão é a memória do coração”, portanto, faz sentido o ser e o estar enquanto expressão da gratidão. Pois, sendo ela a memória do coração, eis o grande armazenamento da inteireza do ser. Vejamos bem que, a memória corresponde aos registros que possuímos, sejam eles bons ou não. O coração, por sua vez, é nosso órgão vital, ele que bombeia, que está todo instante em ação, fazendo acontecer a vida. Por isso, a frase de Antístenes engloba um lema, que se torna um código de vida que gera a própria vida.

Ser grato a que? De que modo viver a gratidão?

Só pode ser grato quem traz memória do coração. A Sagrada Escritura diversas vezes apresenta sobre o coração enquanto fonte de armazenamento para coisas ruins (cf. Mt 15,19) como para as coisas boas (Pr 4, 23; Lc 2,19). Vale sondar o próprio coração, como ele está? O que tenho armazenado? O que estou deixando ressoar? Assim, a gratidão é a expressão da própria vida, do amor, da paz e do bem.

Que sejamos promotores da gratidão em nossa realidade, onde há tantos feridos pela fome, miséria, maus tratos, omissão, abandono… onde há a exclusão, a opressão e a mentira. Ser promotor da gratidão, é gerar vida, não é negar a realidade, mas sim, a partir dela dar novo sentido, ressignificar, trazer para a vida. Isso é possível quando começa nas pequenas coisas, no cotidiano da vida, começa em mim… em você… em nós!

Gratidão!

Irmã Soliane,cfa

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